quarta-feira, 6 de junho de 2012

A travessia da vida

Com 71 anos me senti descrente.
E eu, que era neste mundo uma vencida.
Ergo a cabeça e encaro o sol,
Uma águia real aponta-me a subida.
Ao brilho desta chama,
Ensina-me a escrever versos.
Meus olhos tem o tom de pedra rara,
Minhas mãos são fortes.
Ao cantar a sede de Jardim,
Sou triste como folhas abandonadas.
Deus fez-me atravessar meu caminho sozinha,
Tudo que a vida vibra sob o sol da primavera,
Vejo-me começar mais uma vez.
As pisadas do meu caminhar, vou a luta!
Vou conquistar!
Vou vencer!

Mulher criança

Da antiga mágoa
O que farei?
Para esquecer o que vivi lembrando
Teu beijo com gosto de lágrima
De tanto te esperar.
Terei eu,
O que te direi?
Senão posso te dizer,
Por que chorei?
A angústia de amar te esperando
Como ocultar tua sombra em mim,
Que a distância criou?
Feriu indiferente a minha vida,
arrancada em minha carne espinhos,
Intransigentes...
Não percebestes.
O amor puro e trágico de uma mulher criança.